
O que é Lean Farming – Fazenda Enxuta
Minimizar desperdícios, melhorar eficiência e maximizar lucros com menos trabalho. Lhe interessa?
É possível que numa primeira vista esse texto encontre dois tipos de produtores, os que já conhecem o termo e já utilizem em sua propriedade ou aqueles que não sabem do que se trata e, por conseguinte tenham curiosidade e queiram seguir nos acompanhando.
É importante esclarecer desde já, que o termo está em inglês pelo simples fato de ter sido cunhado inicialmente num país desse idioma, no caso os EUA. Mantemos a originalidade, mas também a tradução para o português para facilitação do entendimento. Se você não está acostumado com o a expressão fazenda e chama sua propriedade de granja, sem crise! Falar “Granja Enxuta” está tão correto quanto qualquer outro termo que exprima a atividade agropecuária. Mas afinal, o que significa Lean Farming?
Minha proposta aqui é lhes familiarizar, ou pelo menos tentar esclarecer, o significado do termo, onde Lean ao pé da letra, significa “enxuto”, ou seja, sem desperdícios ou sem excessos! Lean pode ser descrito como uma filosofia de gestão de uma organização, a maneira, a mentalidade, o pensamento de condução. Assim sendo, para entender a expressão “Fazenda Enxuta”, precisamos primeiro, deixar claro o que se quer dizer com enxuta. Todos os modelos de negócio hoje, onde se usam o termo “enxuto” vem do Lean Thinking, ou seja, Pensamento Enxuto.
O lean também é o ato de pensar, a maneira de ver e quando propomos a aplicação dessa filosofia num negócio, estamos convidando para que você faça uma reflexão. Que reflexão? “Você pratica o pensamento enxuto na sua propriedade?”
O que é o Pensamento Enxuto
O Pensamento Enxuto tem como essência a capacidade de eliminar desperdícios continuamente e resolver problemas de maneira sistêmica. Que desperdício? Qualquer atividade que consome energia e recursos sem agregar valor ao cliente, ou seja, aquilo que fazemos, mas que o cliente não está disposto a pagar. “ Tá bem, mas como fazer isso na minha lavoura de arroz/soja? “ – poderia questionar um produtor.
Primeiro precisamos entender que o pensamento enxuto tem uma lógica, cujos pontos são:
- Melhorar a eficiência (sem investir mais dinheiro);
- Aumentar a capacidade;
- Maximizar o valor do seu produto para o cliente;
- Maximizar o lucro com menos trabalho e, conforme já dito antes,
- Eliminar os desperdícios (qualquer atividade no processo que consome recursos mas não cria valor).
Algum desses pontos acima lhe interessa?
Mas o que é valor?
- Valor dentro da filosofia lean, não se refere a valor financeiro, e sim a valores sob a ótica do cliente.
- Valores são as especificações explícitas ou implícitas que o cliente faz. Por exemplo: menor custo, menor prazo de entrega, pontualidade, qualidade, aparência, diversidade de tipos, etc.
A Fazenda Enxuta, é uma abordagem prática, baseada em sistemas para uma operação agrícola mais sustentável. Ao aplicar esse sistema, você irá aprender como minimizar desperdícios, melhorar eficiência e maximizar valor e lucros com menos trabalho.
E de onde vem esse fundamento todo?
Essa prática nasceu na indústria automotiva, mais precisamente na Toyota, que criou o S.T.P. – Sistema Toyota de Produção. No entanto, uma das coisas que o pensamento enxuto possui de mais poderoso, é que as ideias de Taiichi Ohno, o arquiteto do Sistema Toyota de Produção, são ideias universais. Os Sete Desperdícios que Taiichi Ohno identificou são conceitos que você encontrará em qualquer fazenda, qualquer propriedade do agronegócio!
Sabemos que ainda hoje, para muitos, usar as palavras “fábrica” e “fazenda” na mesma frase não é nada menos que sacrilégio. Mas é também oportuno lembrar as pessoas que atuam no agronegócio, que muito dos primeiros trabalhadores da Toyota eram, na verdade, agricultores!
Não estamos defendo aqui o conceito “indústria a céu aberto”, é muito além disso. Ao aplicar o sistema enxuto, você identifica e elimina os sete (+1) desperdícios e introduz eficiência em todos os processos da operação da fazenda, no manejo do solo, no plantio, na pulverização, na colheita e no armazenamento.
Uma nova fronteira no agronegócio
Essa pode ser a “nova fronteira” que os sucessores das propriedades rurais estejam procurando e pode ser uma opção de carreira atraente para jovens interessados em manter o cultivo de alimentos, seguindo a tradição da família com estratégias mais sustentáveis. Trabalhar de forma mais inteligente, não mais difícil, também evita o tipo de desgaste que os jovens agricultores costumam encontrar em face de um trabalho longo, difícil e árduo. Esses princípios enxutos estão sendo seguidos em fazendas progressivas em todo o mundo, de pequenas a grandes propriedades.
Esse modelo, já é utilizado em diversas organizações de diversos segmentos (lembra que dissemos que as ideias de Taiichi Ohno são ideias universais?), já tendo iniciado na construção civil (Lean Construction) e até na saúde, em hospitais e clínicas (Lean Health)! Então o que o agro está esperando?!
O termo lean farm foi cunhado primeiramente em experimentos de um pequeno fazendeiro nos EUA, em que um de seus clientes era proprietário de um negócio de manufatura e contou a esse fazendeiro que havia transformado sua empresa pela aplicação dos princípios lean na sua fábrica, para criar mais valor com menos custos. “Por que você não aplica essas ideias na agricultura?” – perguntou ele. E assim foi.
Um exame dos movimentos do fazendeiro e do fluxo de produtos, desde a preparação da semente até o transporte, mostrou imediatamente que muito do “trabalho” da fazenda era, na verdade, desperdício – procurar ferramentas e suprimentos, andar longas distâncias devido a um layout ruim, “retrabalhar” colheitas que haviam sido mal plantadas, superprodução devida à comunicação inadequada com os clientes sobre quais itens queriam e quando, enfim, tudo aquilo que lembrasse os sete desperdícios.
Mas afinal, quais são esses setes desperdícios?
São eles: excesso de produção (produzindo acima ou antes das necessidades do cliente), excesso de processamento (etapas do processo desnecessárias), estoques excessivos (inventários acima das necessidades da fazenda), movimentação (qualquer deslocamento que não agregue valor ao produto), transporte (transbordos de produto que não agregam valor), defeitos (falhas no plantio, pulverização ou colheita), espera (tempos aguardando por máquinas, peças, insumos, etc.), e por último, que seria o oitavo desperdício (7+1!), o conhecimento! Isto é, a criatividade perdida ou não utilização de um conhecimento de quem está na fazenda sem ser aproveitado.
O pensamento enxuto já estabeleceu um ponto de partida na agricultura pela primeira vez. E você, vai começar quando?